Há sempre mãos estendidas, vazias,
Na esquina fria de um mundo sem cor,
Olhos que pedem, lábios que imploram,
Um pouco de afeto, um gesto de amor.
Há sempre fome que o tempo não cala,
Barrigas vazias, promessas ao chão,
Enquanto a mesa de alguns transborda,
Outros estendem as mãos por um pedaço de pão.
Há sempre sombras nas ruas desertas,
Vidas perdidas na escuridão,
E mesmo entre rostos que passam apressados,
Alguém suplica, sem voz, sem razão.
Mas há também mãos que oferecem,
Que semeiam afeto em meio à dor,
Pão repartido, calor que renasce,
Pequenos gestos que provam o amor.
Que nunca nos falte essa chama acesa,
Que nunca sejamos aqueles que vão
Sem ver que há sempre, no meio da estrada,
Mãos estendidas à procura de pão.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
Nenhum comentário:
Postar um comentário