sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

Há sempre mãos estendidas

Há sempre mãos estendidas, vazias, 
Na esquina fria de um mundo sem cor, 
Olhos que pedem, lábios que imploram, 
Um pouco de afeto, um gesto de amor. 
 
Há sempre fome que o tempo não cala, 
Barrigas vazias, promessas ao chão, 
Enquanto a mesa de alguns transborda, 
Outros estendem as mãos por um pedaço de pão. 
 
Há sempre sombras nas ruas desertas, 
Vidas perdidas na escuridão, 
E mesmo entre rostos que passam apressados, 
Alguém suplica, sem voz, sem razão. 
 
Mas há também mãos que oferecem, 
Que semeiam afeto em meio à dor, 
Pão repartido, calor que renasce, 
Pequenos gestos que provam o amor. 
 
Que nunca nos falte essa chama acesa, 
Que nunca sejamos aqueles que vão 
Sem ver que há sempre, no meio da estrada, 
Mãos estendidas à procura de pão. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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