Ele entra pelas fendas do silêncio,
E desperta o que dorme nas margens da carne.
Ele elimina os obstáculos da mente
Os enigmas obscuros da existência.
O vazio é o parasita,
Cresce onde não há verbo,
Onde o pensamento permanece mudo.
Aloja-se no âmago do sentimento
Como se possuísse o saber escondido.
Os corpos ocos estão infectos,
Mas é a infecção que os devolve ao sentido:
Cada palavra é uma febre,
Cada frase,
Uma ferida que cicatriza por dentro.
O vírus é a palavra.
Espalha-se pela escrita,
Transmite-se pelo olhar de quem lê.
Expande a mente além da superfície
Dando novo sentido a existência.
O vazio é eliminado
Se as palavras são escritas,
Porque escrever é contaminar o nada,
E dar ao silêncio um corpo doente,
Capaz de dizer-se vivo.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:
Postar um comentário