sexta-feira, 21 de novembro de 2025

E então digo adeus

 No silêncio onde o amor costuma se esconder, 
Eu descobri o nome de outra pessoa 
Batendo dentro do teu peito. 
Não houve grito, nem tempestade — apenas a verdade 
Descendo lenta, 
Como uma lágrima que sabe exatamente 
Onde vai cair. 
 
É estranho, quase sagrado, ver o fim se erguer 
Com a delicadeza de uma despedida 
Que não pede permissão. 
Percebo que teu coração já caminha em outra direção, 
E eu fico aqui, parado na fronteira 
Entre o que fomos e o que nunca mais será. 
 
O último adeus tem gosto de porta entreaberta: 
Não se fecha de repente, 
Apenas deixa de ser passagem. 
E enquanto te vejo partir, sinto algo curioso, 
Como se meu próprio peito aprendesse, 
A duras penas, que amar também é soltar. 
 
Levo comigo o que ficou intacto: 
O brilho de um instante, 
O calor de uma promessa antiga, 
O breve consolo de saber que, mesmo sendo o fim, 
A história passou por mim. 
 
E então digo adeus. 
Não o adeus de quem espera retorno, 
Mas o adeus de quem finalmente entende 
Que certos caminhos se despedem antes mesmo 
Que percebermos que estamos caminhando sozinhos. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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