Que nunca tocaram a água do próprio desejo.
Vestimos máscaras herdadas,
Chamamos de “eu” o que é apenas espelho.
Na cela invisível da rotina,
O grito não ecoa — vira bocejo.
Chamam de “vida adulta”
O enterro lento do que era selvagem.
A liberdade sorri do outro lado da vitrine,
Enquanto nos vendem padrões em liquidação.
E o medo do estranho
Vira corrente de ouro.
Crescemos em jardins murados,
Ensinaram-nos a chamar os muros de proteção.
Mas quem nunca viu o mar
Não sabe o que é o infinito.
É preciso desaprender as certezas,
Para descobrir as janelas na parede.
A alma não nasceu para caber,
Nas gavetas da tradição.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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