terça-feira, 18 de novembro de 2025

Prisioneiros socioculturais

 Somos moldes de barro seco, 
Que nunca tocaram a água do próprio desejo. 
Vestimos máscaras herdadas, 
Chamamos de “eu” o que é apenas espelho. 
 
Na cela invisível da rotina, 
O grito não ecoa — vira bocejo. 
Chamam de “vida adulta” 
O enterro lento do que era selvagem. 
 
A liberdade sorri do outro lado da vitrine, 
Enquanto nos vendem padrões em liquidação. 
E o medo do estranho 
Vira corrente de ouro. 
 
Crescemos em jardins murados, 
Ensinaram-nos a chamar os muros de proteção. 
Mas quem nunca viu o mar 
Não sabe o que é o infinito. 
 
É preciso desaprender as certezas, 
Para descobrir as janelas na parede. 
A alma não nasceu para caber, 
Nas gavetas da tradição. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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