quarta-feira, 8 de setembro de 2021

A silenciosa madrugada da humanidade

Sussurros pelas vielas 
Cheiro de lixo putrefato 
Caminhantes solitários tentando se esconder do frio 
Tropeçando nos ratos que correm assustados 
Sem saberem ao certo o que os assustaram. 
 
Apenas uma ilusão corriqueira 
De larápios que tentam usurpar da liberdade 
Sem saberem ao certo se estão no caminho 
Uma parcela da sociedade andando às cegas 
Um cabo de força sendo puxado dos dois lados 
E uma mosca zumbindo em meus ouvidos 
Como se não tivesse mais nada no mundo. 
 
Insistem nos números errados 
E não tocam mais as músicas de outrora 
As mesmas que o fazia dormir o sono tranquilo da existência. 
 
Cale-se! Gritam nas penumbras 
Tentam expulsar os demônios escondidos 
E eles apenas riem de toda essa confusão 
Nem precisaram fazer muita coisa 
E divertem-se com as injúrias e blasfêmias 
Proferidas pelos líderes religiosos. 
 
A silenciosa madrugada da humanidade 
É solitária e sem sentido algum 
Até mesmo para as cobras e lagartos espalhados 
Nas moites dos quintais. 
 
Cale-se! Outra vez ouço o brado 
Mas, como posso calar-me se as palavras fervilham 
Minha mente não tem sossego 
Minha voz ecoa na madrugada 
E vejo ouvidos atentos a esse lamento 
Abordagens secretas vistas por lentes poderosas 
Os segredos mais ocultos da humanidade. 
 
Seja o que for vai acontecer 
Não há mais como voltar atrás no que foi feito 
Uma catástrofe anunciada 
Um drama encenado 
Na trágica história humana. 
 
Por que eu não me calei naquela hora 
Quando ainda tinha chance de sair ileso 
De todas as acusações que lançaram contra mim? 
 
De qualquer forma nada importa mais 
Se os limites foram rompidos 
E a liberdade apunhalada pelas costas. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:

Postar um comentário