sábado, 18 de setembro de 2021

Quando ouvi

Sou aquele que viu a aflição 
Que andou em trevas e não na luz 
Eu sentia minha carne envelhecendo 
E os meus ossos sendo todos quebrados 
Parecia que tinha um muro cercando-me 
E só existia trabalho. 
Estava assentado em lugares tenebrosos 
Com os cadáveres dos mortos sob meus pés 
As correntes apertavam meus punhos 
E ninguém ouvia os meus gritos. 
Havia pedras pontiagudas no caminho 
Que sangrava os meus pés 
Até um urso tentou devorar-me 
Quando não vi a emboscada 
Eu era um alvo fácil 
Para as flechas da desolação. 
Era motivo de zombaria 
Com as canções de escárnio sobre mim 
Havia amargura no meu coração 
Como se tivesse bebido uma taça de fel. 
Não tinha paz na minha'alma 
E não sabia fazer o bem. 
Quando parecia ter perecido a minha força 
E dissipado minha esperança 
Foi quando ouvi a suave voz, 
E disso me recordarei no meu coração: 
- Vinde a mim todos os cansados e oprimidos 
E Eu vos aliviarei... 
As misericórdias do Senhor 
São as causas de não ter sido consumido 
Porque a sua misericórdia não têm fim! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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