quarta-feira, 8 de setembro de 2021

O velho poeta sente saudades

O olhar indiferente às tecnologias deste tempo 
Imagina um tempo não tão distante 
Em que contemplava as folhas amarelas 
Que caiam das árvores e eram levadas pelo vento 
Enquanto seus olhos viam o silêncio 
Desenhar uma nova melodia no ar sempre tão promissor. 
 
As canções brotavam de sua mente 
Utopias de dias vindouros 
Onde haveria liberdade de expressão nas palavras 
E nos gritos nos muros das cidades 
E não apenas o silêncio dos excluídos 
Abandonados a própria sorte de uma vida miserável. 
 
Perdido em pensamentos e sentado em um banco de jardim 
O velho poeta sente saudades 
De tudo que um dia lhe fez escrever seus poemas 
Que foram eternizados pelo tempo. 
 
Onde estão aqueles olhos que nem lembra mais a cor 
O brilho de um luar tão sedutor 
Como o olhar de uma donzela 
Que corria graciosa pela calçada 
Como se o mundo a pertencesse 
A melodia que ouvia na penumbra do seu quarto 
E vinha da janela vizinha. 
 
Um tempo que escorreu pelos seus dedos 
Levando as lembranças 
De palavras que não conseguiu registrar. 
Alguns rostos passaram diante de seus olhos 
E não lembra bem como eram 
Os vultos, como fantasmas, o fazem recordar 
Que cada um levava consigo uma história única. 
 
Agora o velho poeta sente as dores do tempo 
Depois de passar pelos clássicos gregos e latinos 
E deleitar-se nos versos inspiradores dos sonhadores 
Deixa-se recolher mansamente 
Como o entardecer que se aproxima 
E sabe que apenas o sonho nunca morrerá. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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