domingo, 12 de setembro de 2021

Eu tentei viver a vida com sonhos

Eu nunca soube lidar com essa solidão 
Nem mesmo nos momentos 
De eterna alegria de dias inteiros 
Era como se faltasse alguma coisa 
Que deveria completar toda essa existência 
E as perguntas borbulhavam em minha mente 
Como se fora sopas de letrinhas
E me pergunto:
O que faço aqui neste tempo tão sombrio da humanidade? 
 
Eu deveria olhar para as flores do caminho 
Ou os pássaros que cantam 
E depois voam com o meu barulho 
Eles sempre seguem o destino do vento 
Ou se escondem nos seus ninhos 
Para não serem pegos nos laços 
E arapucas armadas secretamente 
Alguns até mesmo pousam nos espantalhos 
E observam os insetos devorando as lavouras. 
 
Eu poderia esquecer as tristes lembranças 
Do tempo perdido em rodas de brincadeiras 
Que não faziam sentidos para mim 
E questiono a forma que era influenciado 
Pelas palavras empolgantes dos colegas 
Ou pela vontade e esperança de estar perto dela 
Da musa que inspirava minhas canções 
Em tempo que não existem mais. 
 
Eu só não me lembro agora dos sorrisos 
Das gargalhadas que o tempo levou para longe 
Porque não foram assim tão importantes 
Mas, lembro-me das lágrimas que escorreram 
No secreto de um quarto solitário 
Quando não sentia o calor do abraço da minha mãe. 
 
Eu tentei viver a vida com sonhos 
E utopias que nunca se realizaram 
Porque desejava conquistar o mundo 
E ninguém se importava com isso 
E ao descobrir que estava sozinho 
Deixei de acreditar que alguma coisa pudesse fazer sentido 
Se tudo não passava de uma eterna frustração. 
 
Eu sonhei com um mundo tão perfeito 
Que me esqueci das injustiças humanas 
Arraigadas em corações insensíveis 
Que menosprezam as dores alheias e destroem as alegrias 
Que invejam as conquistas dos outros 
E não valorizam as vitórias de quem tanto lutou. 
 
Eu só não me deixei ser abatido 
Por todas as mazelas do mundo que me cercavam 
Porque tive em mim um coração otimista 
E consegui ver uma fagulha de esperança 
Da bondade divina no coração humano 
E essa chama alimentou meus sonhos 
De viver uma vida diferente em meio a essa sociedade. 
 
Eu prezo agora pela paz que conquistei 
Ao deixar a vida seguir o seu curso 
Sem cobranças, sem constrangimentos 
Deixando que cada um siga o seu caminho e suas escolhas 
E enfrentem o seu próprio juízo. 
 
Eu sou feliz com o que conquistei 
Com a liberdade das palavras que voam os espaços 
Que vão onde eu jamais poderia ir 
Que alegram os corações que eu não conheço 
Mas que conforto ou desperto quando falo 
O que faz sentido para mim. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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