Então não quer que eu fale
Ameaça-me para que me cale
Diante da fome é impossível
Pois pode se ouvir o ronco da barriga
Que há dias não sente o alimento.
Cobram a lenha que deveria acender o fogo
E arrancam das minhas mãos tremulas
O pão que consegui com muito suor
Minha pele gruda nos ossos
E a boca está seca como o deserto.
Conseguimos um pedaço de pão
Quando arriscamos a nossa vida
Por causa do medo constante
Já não sabemos o que é alegria.
Tudo sobe todos os dias
Falam em uma tal inflação
Que não existia
Um leão que ruge sem parar
Ameaçando a nossa liberdade.
Tenho fome, grita a criança,
Enquanto um velho é escorraçado
E os líderes se reúnem às escondidas
Em suntuosos resort
E riem da desgraça alheia
Onde falta a merenda escolar
Quem dera fosse apenas mais um pesadelo
Que seria disperso ao amanhecer.
Até quando clamarei por justiça
E terei meu grito abafado
Pelos políticos dessa nação
Que não cumpre a constituição?
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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