sexta-feira, 24 de setembro de 2021

Conseguimos pão arriscando as nossas vidas


Então não quer que eu fale 
Ameaça-me para que me cale 
Diante da fome é impossível 
Pois pode se ouvir o ronco da barriga 
Que há dias não sente o alimento. 
 
Cobram a lenha que deveria acender o fogo 
E arrancam das minhas mãos tremulas 
O pão que consegui com muito suor 
Minha pele gruda nos ossos 
E a boca está seca como o deserto. 
 
Conseguimos um pedaço de pão 
Quando arriscamos a nossa vida 
Por causa do medo constante 
Já não sabemos o que é alegria. 
 
Tudo sobe todos os dias 
Falam em uma tal inflação 
Que não existia 
Um leão que ruge sem parar 
Ameaçando a nossa liberdade. 
 
Tenho fome, grita a criança, 
Enquanto um velho é escorraçado 
E os líderes se reúnem às escondidas 
Em suntuosos resort 
E riem da desgraça alheia 
Onde falta a merenda escolar 
Quem dera fosse apenas mais um pesadelo 
Que seria disperso ao amanhecer. 
 
Até quando clamarei por justiça 
E terei meu grito abafado 
Pelos políticos dessa nação 
Que não cumpre a constituição? 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:

Postar um comentário