sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Alma selvagem

Meus membros, minhas veias dilatam 
Rasgo o coração como se pudesse viver sem ele 
Minha audição e minha língua vieram até mim 
Meus olhos estão turvos 
Não vos importeis com os meus gritos 
Não vos importeis com o que chora e ora e implora 
Palavras! Apenas palavras 
Uma alma selvagem 
Não se ouve a voz do vento nem do tambor 
No chão onde pai e filho se encontram 
As palavras verdadeiras não falham 
Também o dia e a noite não falham 
Mas eu sei que aqueles olhos não verei jamais 
A bela irmã que conhecemos dança com as demais 
Os verdadeiros poetas 
Não são guiados apenas pela beleza 
Alegria, pele morena, 
Um instinto divino no pensamento 
As palavras dos poemas no sentimento 
Não procuram a beleza 
Elas são procuradas 
Extravasadas pela alma selvagem 
Que veem as crianças indefesas 
Homens e mulheres por toda parte tentando se esconderem 
Nós também, por quanto tempo fomos enganados? 
Tudo se foi no Jardim do Éden 
E não resta nada que possa superar essa dor 
O amor, a vida de seus corpos 
O sentido de ser 
Dificilmente saberá quem sou e o que significo. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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