Meus membros, minhas veias dilatam
Rasgo o coração como se pudesse viver sem ele
Minha audição e minha língua vieram até mim
Meus olhos estão turvos
Não vos importeis com os meus gritos
Não vos importeis com o que chora e ora e implora
Palavras! Apenas palavras
Uma alma selvagem
Não se ouve a voz do vento nem do tambor
No chão onde pai e filho se encontram
As palavras verdadeiras não falham
Também o dia e a noite não falham
Mas eu sei que aqueles olhos não verei jamais
A bela irmã que conhecemos dança com as demais
Os verdadeiros poetas
Não são guiados apenas pela beleza
Alegria, pele morena,
Um instinto divino no pensamento
As palavras dos poemas no sentimento
Não procuram a beleza
Elas são procuradas
Extravasadas pela alma selvagem
Que veem as crianças indefesas
Homens e mulheres por toda parte tentando se esconderem
Nós também, por quanto tempo fomos enganados?
Tudo se foi no Jardim do Éden
E não resta nada que possa superar essa dor
O amor, a vida de seus corpos
O sentido de ser
Dificilmente saberá quem sou e o que significo.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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