sexta-feira, 31 de maio de 2024

Ecos distantes em nossa cabeça

Algumas vezes acontece 
De sermos esquecidos pelo caminho 
Quando os germes pronunciam linguagens 
Temos que percorrer a nossa odisseia corriqueira 
Sabendo que as palavras fervilhantes 
Tomam forma quando não as estamos vigiando. 

Nunca há frescor nas estações 
Toda existência é bem sufocante 
E quase sempre perdemos o esconderijo da infância 
Não importa a nossa maturidade 
Sempre haverá atrasos em nossos olhos 
Porque a tristeza se esconde debaixo de nosso nariz. 

Talvez no próximo ano nós conseguimos 
Cumprir as resoluções de ano novo, ou nunca 
Talvez nas próximas férias vejamos o por do sol 
E nos livramos do perigo que sempre está com os adultos 
Não importa os ecos distantes em nossa cabeça 
Alguém que você não pode ver pode estar falando. 

Nada nunca é o que parece ser 
Você está sendo vigiado e nem percebe isso 
Quando virar a próxima esquina e chegar na próxima casa 
O olho do Grande Irmão está te acompanhando 
Sorrateiramente vigia os seus passos trôpegos 
E você não passa de mais um pontinho na tela de vigilância. 

Você não me parece estranho 
Apesar de não saber a sua procedência sintética 
Nunca hei de virar as costas para um desconhecido 
Não senhor, nunca colocarei "senhor" no final 
O mundo é um lugar estranho de se viver com alguma certeza 
Porque o destino de cada um pertence a cada um. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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