Será delírios vagos de quem nada sonha
Os caminhos percorridos pela mente?
Quem viu o último dilúvio de lágrimas
E não se afogou nas tristes correntezas?
Alguns gigantes pisaram as flores no jardim
E esmagaram as formigas sem piedade
Simplesmente porque quiseram.
Uma criatura tão bela saiu da penumbra
Dançarina de saia púrpura
Com batons sedutores nos lábios
Fez ressurgir os desejos no velho homem
Que acreditava ter passado os seus dias
Mas agora sorria sozinho em seu canto
Com um leve sorriso de esperança no rosto.
Nos passos de uma alma desconcertante
Um perfume ficava impregnado no ar
Como lembranças que não se dão por vencidas
No tempo em que não se pode fechar os olhos
Apenas um suave modo de naufragar nas ilusões
De quem imagina um novo momento
Para se viver o que deixou escapar.
Na crepitante fogueira lúdica da saudade
Há sempre uma busca incessante por amor
Mesmo que isso seja apenas uma louca obsessão
Nada pode ser oculto do coração silencioso
Nos campos férteis da paixão
Criaturas devoram todo o sentimento
Na noite profanada pelos gafanhotos.
Abraços não são mais solicitados
Nem mesmo daqueles que tanto desejavam
Esbaldarem-se nos néctares de desejos
Ao embalo das lindas canções de amores perdidos
O que se vê ao longe são miragens
Dos cordeirinhos brancos espalhados pelo chão
Provocando o fim de toda uma imaginação.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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