domingo, 9 de junho de 2024

Ruminando os pedaços

No jardim onde outrora floresciam sonhos, 
Hoje repousa o silêncio das flores murchas. 
Teus olhos, que um dia foram faróis em meu mar, 
Agora são sombras que me evitam, frias e distantes. 

O que restou de nós, senão memórias desbotadas, 
Guardadas em cantos escuros da mente? 
O toque suave da tua mão, agora um eco, 
Perdido no labirinto do tempo, inatingível. 

Cada promessa feita, cada riso compartilhado, 
Desfez-se como névoa ao amanhecer. 
O amor, que julgávamos eterno, 
Foi tempestade passageira, deixada para trás. 

As estrelas que contemplamos juntos, 
Hoje brilham com um brilho doloroso. 
Tua ausência pesa como pedra no peito, 
E cada suspiro é um lamento pelo que se foi. 

Busquei em outros braços, em outros lábios, 
A cura para a ferida aberta, o consolo para a alma. 
Mas o vazio que deixaste em meu ser 
É um abismo que ninguém pode preencher. 

Agora, caminho só, na noite silenciosa, 
Ruminando os pedaços do que um dia foi. 
Aprendo, com cada passo, a aceitar a perda, 
A transformar a dor em poesia, a saudade em força. 

Que o tempo, senhor das curas, apague as marcas, 
E que, um dia, eu possa olhar para trás 
E ver que, embora perdido, o amor foi belo 
E valeu a pena, mesmo na sua fugacidade. 

E assim, entre versos e lágrimas, 
Renasço, pouco a pouco, das cinzas do que se foi, 
Encontrando em mim mesmo a paz perdida, 
Reconstruindo-me, mais forte, mais inteiro. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:

Postar um comentário