sábado, 29 de junho de 2024

Escravos da mentira e do vento

O sol entorpecido fala uma língua estranha 
Alguns não o pode suportar dessa forma 
Tapam os ouvidos com tapa olhos encardidos 
Mas isso não é uma informação nova 
Foi passada para gerações neolíticas 
E escondidas nas cavernas que se escondiam 
Esquecidas nas manhãs gélidas do tempo. 

Já passou da hora de dizer algumas verdades 
De revelar o emaranhado de almas sorvidas 
Coisas que não se pode escutar 
 Quando se está envolto em articulações secretas 
Mas são escravos da mentira e do vento 
Nos horários das visitas abaixam os olhares 
Para não revelarem os seus sujos segredos. 

Em algum lugar escondido estão os tolos 
Deuses rodopiantes em universos efêmeros 
Acreditando na inocência de hipócritas infiéis 
Túmulos caiados por fora cheio de ossos podres 
Que exalam suas imundícies o tempo todo 
Despertando o voo das aves de rapinas no horizonte 
Ratoeiras que não funcionam nunca 
Porque os ratos são mais espertos sempre. 

Quase todo dia quero ouvir uma sinfonia à Ulisses 
Uma canção aos homens que venceram suas lutas 
E não se esconderam debaixo das saias de suas mães 
Mas onde estão todos esses tolos enfurecidos 
Que não podem nem mesmo erguerem suas taças de vinhos? 
Mortos em seus desejos abstratos fulgurantes 
Cavalgam os distantes campos do desconhecido. 

Maléficas vigílias são feitas em algum lugar 
Virgílio procura agradar os seus seguidores 
Que são corrompidos por Dionísio e se esquecem 
A maioria das tristes crianças pelo caminho 
Um pequeno circo de horrores então as levam 
Para um destino que não pode ser descrito em palavras 
E que ninguém pode, na verdade, sentir de fato. 

Carregados para os círculos mais profundos 
Os inocentes são desterrados de seus sonhos 
Mortos pelas esquinas mortas das megacidades 
Que insistem em produzir seus assassinos e estupradores 
Causando estranhos calafrios nos transeuntes 
Quando suas ruas são tomadas pela tosse pigarrenta 
Das gargantas que não podem mais serem cortadas. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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