sábado, 27 de março de 2021

Covas abertas quando se falta o ar

Ninguém pode sair às ruas 
Agora elas devem estar desertas 
Um vazio enorme na sociedade 
Um vírus invisível que mata aos milhares 
E não deixa ninguém respirar.
 
Falta o ar dos pulmões 
O oxigênio dos hospitais 
A vida dos pacientes 
Das famílias que se vão solitárias 
Dos profissionais da saúde que estão exaustos. 
 
O mundo já não será o mesmo 
Nunca mais será
Ninguém está seguro 
E alguns ainda brincam com tudo isso 
E não respeitam a dor alheia 
E fazem aglomerações 
Parecem não ter nada nos corações. 
 
Triste a nossa realidade 
Tal como uma figueira que balança com o vento 
O mundo é sacudido 
E só os fortes podem sobreviver 
Em meio a esse funeral. 
 
Milhares de covas abertas 
Uma juntinha da outra 
Enquanto nos leitos 
Cada um se vai sozinho 
Sem ao menos poder se despedir 
Daqueles que mais amam. 
 
A dor é tamanha 
A solidão estranha 
Quando se falta o próprio ar 
Para aqueles que só querem respirar 
A vida que se vai silenciosa. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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