sábado, 13 de março de 2021

Os Profetas do Círculo Negro

Nos sonhos inescrutáveis desta noite 
A batalha chega ao fim 
E apenas quatro almas permanecem vivas para ajudar 
No silêncio que é preciso caminhar 
Como quem entra em ninhos de serpentes 
É melhor estar mudo quando se caminha para a morte certa. 
Fizeram um ato profano e monstruoso 
Quando resolveram enfrentar os demônios 
Da mesma forma que combatem os seres humanos. 
Por um momento o silêncio total reina 
Nos corações perturbados pelo tempo 
Como um vento afiado que açoita as árvores 
Em dias tempestuosos. 
Sozinhos e nervosos rosnam blasfêmias 
E assustam-se com risadas de escárnios 
Que chegam aos seus ouvidos, até então, insensíveis. 
Quando olham para as pessoas 
Seus olhares sugerem maldades 
São quatro figuras de túnicas negras que ficam paradas 
Quando ninguém as viu chegando 
Apenas estão lá, 
Os profetas do círculo negro. 
E, em meio a um barulho como de um trovão 
Pode ser ouvido um último e lamurioso murmúrio de terror. 
Mas, a voz de um anjo soa como o sino de um templo 
Trazendo até nós o regozijo para a alma. 
Por fim, mesmo com medo e o sangue fervendo, 
Ela se deixa prender em seus braços 
E aperta os lábios antes do beijo final. 
O silêncio reina outra vez 
E tudo é dissipado pela luz do sol que entra pela janela. 
A última coisa que consegue ouvir 
É o sussurrar de uma voz de gratidão: 
- Eu sabia que você não me abandonaria 
Neste antro desprezível de demônios! 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:

Postar um comentário