domingo, 30 de junho de 2024

Êxtase

Deixo-me envolver nos lençóis 
E abraço seu corpo fortemente. 
Um suspiro deixa revelar seu desejo 
E sinto sua fragrância pelo ar. 
Quero mais 
Cada parte de seu corpo é desvendado 
Como se fosse um arqueólogo 
Na busca por um tesouro escondido. 
Não posso conter o desejo 
Em possuir-te 
Em perder-me na sua sensualidade. 
Seus cabelos são sedosos 
E vejo-os a desnudar sua pele. 
Quero alcançar o êxtase 
E sentir o pulsar de seu coração. 
Minhas mãos são duas crianças 
A brincar com sua paixão 
E entrego-me a força desse amor. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 29 de junho de 2024

Escravos da mentira e do vento

O sol entorpecido fala uma língua estranha 
Alguns não o pode suportar dessa forma 
Tapam os ouvidos com tapa olhos encardidos 
Mas isso não é uma informação nova 
Foi passada para gerações neolíticas 
E escondidas nas cavernas que se escondiam 
Esquecidas nas manhãs gélidas do tempo. 

Já passou da hora de dizer algumas verdades 
De revelar o emaranhado de almas sorvidas 
Coisas que não se pode escutar 
 Quando se está envolto em articulações secretas 
Mas são escravos da mentira e do vento 
Nos horários das visitas abaixam os olhares 
Para não revelarem os seus sujos segredos. 

Em algum lugar escondido estão os tolos 
Deuses rodopiantes em universos efêmeros 
Acreditando na inocência de hipócritas infiéis 
Túmulos caiados por fora cheio de ossos podres 
Que exalam suas imundícies o tempo todo 
Despertando o voo das aves de rapinas no horizonte 
Ratoeiras que não funcionam nunca 
Porque os ratos são mais espertos sempre. 

Quase todo dia quero ouvir uma sinfonia à Ulisses 
Uma canção aos homens que venceram suas lutas 
E não se esconderam debaixo das saias de suas mães 
Mas onde estão todos esses tolos enfurecidos 
Que não podem nem mesmo erguerem suas taças de vinhos? 
Mortos em seus desejos abstratos fulgurantes 
Cavalgam os distantes campos do desconhecido. 

Maléficas vigílias são feitas em algum lugar 
Virgílio procura agradar os seus seguidores 
Que são corrompidos por Dionísio e se esquecem 
A maioria das tristes crianças pelo caminho 
Um pequeno circo de horrores então as levam 
Para um destino que não pode ser descrito em palavras 
E que ninguém pode, na verdade, sentir de fato. 

Carregados para os círculos mais profundos 
Os inocentes são desterrados de seus sonhos 
Mortos pelas esquinas mortas das megacidades 
Que insistem em produzir seus assassinos e estupradores 
Causando estranhos calafrios nos transeuntes 
Quando suas ruas são tomadas pela tosse pigarrenta 
Das gargantas que não podem mais serem cortadas. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Planeta a suspirar

O mundo clama em dor, 
O calor se faz sentir, 
Geleiras perdem vigor, 
O mar começa a subir. 
Desperta, ó sonhador, 
Não podemos mais dormir. 
 
O sol arde sem cessar, 
Secas vêm devastar, 
As florestas a queimar, 
Bichos tristes a chorar. 
Devemos todos cuidar, 
Antes do mundo acabar. 
 
A fumaça enche o ar, 
Poluição sem parar, 
O planeta a suspirar, 
Precisamos respirar. 
A Terra devemos amar, 
Para ela nos abraçar. 
 
Nosso futuro é incerto, 
Se nada formos mudar, 
Cuidar do que é deserto, 
E a vida regenerar. 
Juntos faremos o certo, 
Para o mundo melhorar. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quinta-feira, 27 de junho de 2024

Sempre

Um dia vi em seus olhos um amor tão puro 
Tão singelo que meu coração procurava 
Eu deixei-me descansar em teus braços 
E vi uma esperança renascer. 
Eu precisava de carinho 
Procurava um amor assim 
E vi brilhar em seus olhos 
Que me revelaram seu coração. 
E eu amei sem medo 
Desejei estar com você para sempre 
Por toda minha vida caminhar com você 
E deixar-me descansar em seus sonhos. 
Sempre quero estar com você 
Sempre quero sentir o seu amor 
Sempre quero ver o brilho do seu olhar 
Para sempre ser feliz. 
Nesta noite deixo revelar meus sentimentos 
E quero que se lembre de mim 
Como alguém que ficou encantado 
Pela sua forma de amar. 
Não sou perfeito e posso errar 
Mas deixo aqui meu coração 
Nas linhas deste poema 
Para sempre se lembrar de mim. 
E nas noites eternas do tempo 
Sempre vai saber 
Que você me disse o que queria 
Que eternizasse para você 
Com carinho para sempre. 
E quero dizer 
Que vai ser sempre assim. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 26 de junho de 2024

Saudade é minha poesia

 Na varanda, o vento canta, 
Leva embora a solidão, 
Meu coração se adianta, 
Busca tua direção. 
Saudade em mim se agiganta, 
Ecoa doce canção. 
 
No silêncio da noite fria, 
Teu sorriso vem brilhar, 
Recordo com melancolia 
Teu abraço a me embalar. 
Saudade é minha poesia, 
Verso triste a suspirar. 
 
Cada estrela no céu claro 
É lembrança a cintilar, 
De um tempo que foi tão raro 
E jamais irá voltar. 
Saudade é um doce amparo, 
Que me faz sempre sonhar. 
 
No campo, a flor desabrocha, 
Traz memórias do verão, 
Teu perfume ainda brota 
Do fundo do coração. 
Saudade é chama que roça, 
Brasa quente em minha mão. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 24 de junho de 2024

Se alguém souber

Eu gritei o seu nome pelas montanhas 
Onde viajei nos meus sonhos 
E te busquei pelas avenidas da cidade 
Dos meus pensamentos 
Na busca incessante do seu amor. 
Você que me deixou ver os seus olhos 
Quando procurava a felicidade 
E eu jurava ter encontrado 
O amor que neles vi brilhar. 
Se alguém souber 
O quanto meu coração te deseja 
Saberá o que é o verdadeiro amor 
E que ele está nos seus olhos. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

domingo, 23 de junho de 2024

Deusa em um jardim

Oh, linda menina de encantos perfeito, 
Teu sorriso é um raio de sol dourado, 
Em teus olhos vejo o amor que nasce no peito, 
A luz que ilumina e aquece meu coração enamorado. 

Teus cabelos são fios de seda ao vento, 
Uma melodia suave que o tempo acaricia, 
Tuas palavras são poesia em movimento, 
Uma dança de sentimentos que em meu peito irradia. 

Teu caminhar é leve como a deusa em um jardim, 
Cada passo teu desenha a beleza do infinito, 
E teu abraço, tão acolhedor e sem fim, 
É o refúgio onde encontro meu paraíso bendito. 

Em teu olhar, vejo sonhos que se entrelaçam, 
Histórias de amor que em nós se encontram, 
És a musa que inspira e que em versos abraçam, 
Todos os desejos que em meu peito despontam. 

Oh, minha amada, serás sempre o meu canto, 
A sinfonia que embala minhas noites e dias, 
Meu coração é teu, em amor eterno e santo, 
E juntos, construiremos sonhos em forma de poesias. 

Receba estas palavras, doces e sinceras, 
Como prova do amor que por ti eu cultivo, 
És a estrela que meu céu enche de quimeras, 
E em teus braços, para sempre, desejo estar cativo. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sábado, 22 de junho de 2024

Um tolo por acreditar

O perigo da desconfiança 
Nunca está com todos os adultos 
A grande maioria acreditam em sonhos 
Em profecias de falsos profetas 
E são conduzidos pelo desconhecido 
Na busca irrefletida do conformismo. 

Sou um tolo por acreditar 
Que os seres humanos pudessem pensar 
Que quisessem refletir sobre suas ações 
Quando o que mais desejam é o conforto 
A zona cinzenta da tranquilidade 
Que não os deixam pensar sobre a vida. 

Toda a existência perde o seu sentido 
Assim que descobrimos a realidade 
Que nada é como pensávamos na infância 
Porque lá estavam todas as crianças perdidas 
A diferença é que elas eram inocentes 
E os adultos não podem ter essa desculpa. 

Por que alguém triste deve se importar? 
No topo de um edifício abandonado 
Ou na penumbra de uma rua deserta 
Alguém é sufocado por seus pensamentos ruins 
Desejando que não exista um novo amanhecer 
Para que seu sofrimento possa terminar. 

O discurso do cara comum cai por terra 
Com a existência infinita do novo dia 
Com o brilhar do sol acontece o inevitável 
O voo das borboletas em um jardim próximo 
E ao abrir os olhos cansados da insônia 
Há de enfrentar a longa jornada existencial. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quinta-feira, 20 de junho de 2024

A noite dos gafanhotos

Será delírios vagos de quem nada sonha 
Os caminhos percorridos pela mente? 
Quem viu o último dilúvio de lágrimas 
E não se afogou nas tristes correntezas? 
Alguns gigantes pisaram as flores no jardim 
E esmagaram as formigas sem piedade 
Simplesmente porque quiseram. 
 
Uma criatura tão bela saiu da penumbra 
Dançarina de saia púrpura 
Com batons sedutores nos lábios 
Fez ressurgir os desejos no velho homem 
Que acreditava ter passado os seus dias 
Mas agora sorria sozinho em seu canto 
Com um leve sorriso de esperança no rosto. 
 
Nos passos de uma alma desconcertante 
Um perfume ficava impregnado no ar 
Como lembranças que não se dão por vencidas 
No tempo em que não se pode fechar os olhos 
Apenas um suave modo de naufragar nas ilusões 
De quem imagina um novo momento 
Para se viver o que deixou escapar. 
 
Na crepitante fogueira lúdica da saudade 
Há sempre uma busca incessante por amor 
Mesmo que isso seja apenas uma louca obsessão 
Nada pode ser oculto do coração silencioso 
Nos campos férteis da paixão 
Criaturas devoram todo o sentimento 
Na noite profanada pelos gafanhotos. 
 
Abraços não são mais solicitados 
Nem mesmo daqueles que tanto desejavam 
Esbaldarem-se nos néctares de desejos 
Ao embalo das lindas canções de amores perdidos 
O que se vê ao longe são miragens 
Dos cordeirinhos brancos espalhados pelo chão 
Provocando o fim de toda uma imaginação. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Enigmas de uma vida intensa

Fale o que quiseres falar 
Não darei ouvidos a sua voz 
Conto as horas e ignoro os minutos 
Porque ando em direção oposta 
Não carrego as dores de outrem 
Apenas suporto as minhas cicatrizes 
Na esperança que está em meus olhos. 

Se eu penso em você eu escrevo 
Meus versos que parecem sem sentidos 
Enigmas de uma vida intensa 
Que ninguém sabe decifrar 
Porque vai muito além da imaginação 
Além até da própria razão 
Do caminho silencioso que trilho. 

Tudo parece se desfazer em cinzas 
Nas portas cerradas de quartos escuros 
Onde segredos são formulados 
E se dizem o amor acontecer na escuridão 
Quando se sabe no fundo da alma 
Que nem tudo é o que parece ser 
Porque as fantasias encobrem a realidade. 

Sou suspeito em afirmar tais verdades 
Porque não se pode confiar na mente 
Pode não ser verdade tudo que digo 
Apenas miragem de uma grande ilusão 
De que adianta falar de Deus 
Se não pode seguir os seus desígnios 
Isso faz de você apenas mais um hipócrita. 

Descanso minha pena sobre o tinteiro 
Minhas palavras confundem seus sentidos 
A confusão é proposital de certa forma 
São enigmas que permanecerão por muito tempo 
Mistérios de um coração diferente 
Que não pode ser decifrado assim 
Por mentes incapazes de sair do óbvio. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 18 de junho de 2024

Desejos que acabam de partir

Em um suspiro, o desejo se vai, 
Como um sonho que se esvai na alvorada. 
A alma, que antes se enchia de paz, 
Agora vaga, vazia, amargurada. 
 
Era brilho, era chama, era luz, 
Um farol em meio à escuridão. 
Mas partiu, sem deixar sequer uma cruz, 
Restando apenas a fria solidão. 
 
Anseios que habitavam o peito, 
Como estrelas, perderam seu fulgor. 
No vazio que ficou, nada é perfeito, 
Somente ecos de um antigo amor. 
 
Os desejos que acabaram de partir, 
Levando consigo a esperança. 
Deixam rastros que insistem em ferir, 
Como sombras de uma doce lembrança. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Ao pôr do sol no cais

À beira do Rio Paraguai, quando o sol se despede, 
Surge um amor que o crepúsculo não impede. 
 
Caminho pelo cais, sentindo a brisa, 
Enquanto o sol se esconde, a alma suaviza. 
 
O horizonte, com cores de fogo e paixão, 
Reflete o ardor que queima no coração. 
 
Cada sorriso teu, cada gesto tão belo, 
É um enigma que desvendo com muito zelo. 
 
Nasce a noite, as estrelas estão a brilhar 
Teu olhar misterioso, de novo, a encantar. 
 
Entre sombras e luz, entre o sonho e o real, 
Nosso amor se revela, sereno e imortal. 
 
Segredos guardados nas profundezas do ser, 
Em teu olhar, encontro o meu viver. 
 
Sob o véu da noite, juntos, a contemplar, 
O amor que nasceu ao pôr do sol a sonhar. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
Imagem: Pedro Miguel

sábado, 15 de junho de 2024

As distâncias do mundo

Tudo bem que você não me convenceu 
Não acreditei em suas loucas teorias 
O fim do mundo não pode ser agora 
O círculo da existência pode se renovar 
Quem pode conhecer as distâncias do mundo 
Sem perder um pouco de sua sanidade mental? 

Estão fabricando coroas de espinhos 
Construindo balas de borracha 
Mas nunca foi a minha intenção 
Arrumar encrenca com quem quer que seja 
Então, por que estão caminhando para isto? 
Por que desejam desafiar o absurdo? 

Ninguém percebeu o que está acontecendo 
Não veem a instalação dos microchips 
Não se atentam para o controle absoluto 
Preferem ficar rindo de piadas bobas nas redes 
Como se o mundo fosse um contos de fadas 
Onde todos são felizes no final. 

Deita na cama e espera por um novo dia 
Sem saber que o horário das visitas indesejadas 
Ainda não chegou ao fim outrora imaginado 
E o caos espera de braços abertos 
Logo que o novo dia surgir no horizonte 
Então dobra os lençóis e ajeita o travesseiro. 

Na imaginação fértil de um sonhador 
Existe um mundo cheio de coisas lindas 
De sorrisos contemplados pela felicidade plena 
Mas, na realidade não é bem assim, 
Apenas percebe-se que são escravos da mentira 
Emaranhando almas sorvidas pela ilusão. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 14 de junho de 2024

Em cada despedida

 Nos olhos marejados de esperança, 
Brilha o reflexo de um sonho findo, 
No peito, a amarga lembrança, 
Desse amor que não é mais bem-vindo. 
 
Triste, sigo pela estrada solitária, 
Com o coração partido, mas resiliente, 
Aceitando que a vida é transitória, 
E que todo amor um dia se torna ausente. 
 
Ainda que a dor seja pungente, 
E o vazio ecoe em cada despedida, 
Há sempre um renascer, persistente, 
Pois a alma, mesmo ferida, é vivida. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

O vento levou

 Na sombra fria da despedida, 
Sente-se a dor de um amor perdido, 
Nas palavras não ditas, na alma ferida, 
No silêncio que ficou entristecido. 
 
Era doce o calor do teu abraço, 
O sorriso que em mim florescia, 
Mas o destino traçou outro passo, 
E o amor que era nosso, partia. 
 
O vento levou teu perfume leve, 
E o tempo, implacável, nos afastou, 
Restou-me a saudade, que é tão breve, 
E a lembrança do que se acabou. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quarta-feira, 12 de junho de 2024

Dez pragas terríveis

 Das terras de areia, o Egito a reinar, 
Levantou-se um clamor, um grito a ecoar. 
O faraó em seu trono, coração endurecido, 
Ignorava o pedido de um povo oprimido. 
 
Moisés, o profeta, em voz alta clamou: 
"Deixe meu povo ir", mas o rei recusou. 
Então o céu se abriu, a justiça a descer, 
Dez pragas terríveis, um povo a sofrer. 
 
Primeira praga: águas tingidas de sangue, 
Os rios corrompidos, o desespero no mangue. 
Peixes mortos flutuam, sede é o que há, 
Um aviso divino, mas o faraó não ouvirá. 
 
Segunda praga: rãs em grande profusão, 
Inundam palácios, não há salvação. 
Das camas aos pratos, uma visão atroz, 
Mas o coração do faraó segue feroz. 
 
Terceira praga: piolhos aos montes, 
Das cabeças ao chão, cobrem horizontes. 
Sacerdotes impotentes, sem magia ou poder, 
O orgulho do faraó ainda não quer ceder. 
 
Quarta praga: moscas em enxame, 
Zumbem nos ares, um tormento infame. 
A terra infesta-se de insetos fugazes, 
Mas o faraó ignora os clamores vorazes. 
 
Quinta praga: peste no gado, 
O rebanho adoece, um lamento calado. 
Cavalos e bois caem pelo chão, 
Mas no coração do faraó, nenhuma comoção. 
 
Sexta praga: chagas doloridas, 
Nos corpos surgem feridas incontidas. 
Homens e animais, em agonia e dor, 
Mas o faraó endurece, ignora o clamor. 
 
Sétima praga: fogo e granizo, 
Do céu descem pedras, num estrondo preciso. 
Destruição nos campos, colheitas arrasadas, 
Mas o faraó mantém suas palavras cerradas. 
 
Oitava praga: gafanhotos em nuvem, 
Devastam o verde, a fome retumba. 
Nada sobra nas lavouras, a terra esgotada, 
Mas o faraó, obstinado, não cede nada. 
 
Nona praga: trevas densas, 
Três dias de escuridão, noites intensas. 
O sol desaparece, um pavor sem fim, 
Mas o faraó persiste, no erro enfim. 
 
Décima praga: morte dos primogênitos, 
O grito é geral, de todos os lares aflitos. 
Um lamento profundo, por toda a nação, 
Finalmente, o faraó solta a mão. 
 
O povo de Israel, enfim liberto, 
Parte do Egito, deserto aberto. 
Dez pragas ficaram, lições no passado, 
Um caminho traçado, um destino marcado. 
 
Mas a história ressoa, além do que é visto, 
Sobre orgulho e poder, um testemunho escrito. 
Que a justiça divina, cedo ou tarde, virá, 
E um coração endurecido, ela quebrará. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Teu amor é jardim em flor

Em teus olhos, vejo o brilho do luar, 
Nos teus lábios, o doce néctar do amar. 
Teu sorriso, uma dança de estrelas, 
Que ilumina meu mundo, faz-me sonhar. 
 
Em teus braços, encontro abrigo, 
No teu abraço, o carinho que me faz amar. 
Tua voz, melodia suave, 
Que acalma meu ser, me faz navegar. 
 
Teu amor é jardim em flor, 
Que enfeita minha vida até suspirar. 
És meu sol, meu céu, minha paz, 
Contigo, sempre, quero estar. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

terça-feira, 11 de junho de 2024

Saudades

Sombras de outrora, 
Silêncio e vazio. 
Ecoa, coração. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Recordo-me da morena

Sob o véu da noite, o céu a brilhar, 
No silêncio suave, o mundo a sonhar. 
Lágrimas de prata, a lua derrama, 
Recordo-me da morena, minha doce dama. 
 
Seus olhos brilhavam como estrelas distantes, 
No abraço da noite, éramos amantes. 
O vento sussurrava segredos antigos, 
E nossos corações batiam, serenos, amigos. 
 
O aroma das flores, a brisa a soprar, 
No campo tranquilo, começamos a dançar. 
Sob a luz da lua, seus cabelos reluzentes, 
Meus dedos traçavam caminhos ardentes. 
 
Cada riso ecoava, uma melodia pura, 
Nossos passos marcavam uma doce aventura. 
A saudade me toca, um desejo profundo, 
De reviver aquela noite, um instante fecundo. 
 
As horas passaram como um sonho breve, 
Mas o toque dela em mim ainda se percebe. 
Agora, na solidão, olho o luar distante, 
E sinto falta da morena, minha eterna amante. 
 
Sob a luz prateada, memórias a vagar, 
No silêncio da noite, continuo a lembrar. 
A lua testemunha nossa história sem fim, 
E a nostalgia de uma noite, que vive em mim. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

domingo, 9 de junho de 2024

Ruminando os pedaços

No jardim onde outrora floresciam sonhos, 
Hoje repousa o silêncio das flores murchas. 
Teus olhos, que um dia foram faróis em meu mar, 
Agora são sombras que me evitam, frias e distantes. 

O que restou de nós, senão memórias desbotadas, 
Guardadas em cantos escuros da mente? 
O toque suave da tua mão, agora um eco, 
Perdido no labirinto do tempo, inatingível. 

Cada promessa feita, cada riso compartilhado, 
Desfez-se como névoa ao amanhecer. 
O amor, que julgávamos eterno, 
Foi tempestade passageira, deixada para trás. 

As estrelas que contemplamos juntos, 
Hoje brilham com um brilho doloroso. 
Tua ausência pesa como pedra no peito, 
E cada suspiro é um lamento pelo que se foi. 

Busquei em outros braços, em outros lábios, 
A cura para a ferida aberta, o consolo para a alma. 
Mas o vazio que deixaste em meu ser 
É um abismo que ninguém pode preencher. 

Agora, caminho só, na noite silenciosa, 
Ruminando os pedaços do que um dia foi. 
Aprendo, com cada passo, a aceitar a perda, 
A transformar a dor em poesia, a saudade em força. 

Que o tempo, senhor das curas, apague as marcas, 
E que, um dia, eu possa olhar para trás 
E ver que, embora perdido, o amor foi belo 
E valeu a pena, mesmo na sua fugacidade. 

E assim, entre versos e lágrimas, 
Renasço, pouco a pouco, das cinzas do que se foi, 
Encontrando em mim mesmo a paz perdida, 
Reconstruindo-me, mais forte, mais inteiro. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

sexta-feira, 7 de junho de 2024

Confusão mental

Eu já não sei quem eu sou 
E nem o que preciso fazer 
Minha mente é confusa 
Sinto o peso da solidão 
Ninguém fala comigo 
E eu sinto a necessidade de falar 
Conversar com alguém 
Mas não encontro ninguém 
Disposto a me ouvir 
Porque só há lamentos em mim 
Só angústia causada pelo tempo 
Pelas incertezas da vida 
Minha memória é falha 
As vezes nem sei onde estou 
E sinto o tempo se esvair 
A vida se torna obsoleta 
E é exatamente como está no livro sagrado 
Os anos passam e não tenho neles contentamento 
Eu abro portas para estranhos 
Na esperança de que são bons 
Mas não existe nada bom 
Então sou cerceado 
Por aqueles que um dia precisei cercear 
Porque não eram capazes 
Isso é tão ruim como sentir a ilusão 
O medo do que posso causar 
As feridas que posso fazer 
O meu tempo se foi 
E sigo na esperança do apito final 
No descanso que me aguarda 
Depois da última travessia. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

quinta-feira, 6 de junho de 2024

E a saudade se foi

A tua presença mandou a saudade embora, 
Como um raio de sol rasgando a aurora, 
Trouxe de volta o brilho à minha vida, 
A alma antes só, agora sente-se renascida. 

Teu sorriso, farol na noite escura, 
Desfez as sombras, trouxe a ternura, 
Cada palavra tua, é uma doce melodia, 
Que transforma meus dias em pura alegria. 

A saudade, antes rainha, foi destronada, 
Pela tua presença, minha singela amada, 
És a luz que ilumina meu caminho, 
A certeza de que nunca mais estou sozinho. 

Agora, com você, o tempo se alarga, 
A vida se enche de cor, se embala, 
E a saudade, que antes me prendia, 
Foi-se embora, libertando minha alegria. 

Tua presença é paz, é aconchego, 
É o porto seguro onde sempre me achego, 
E a saudade, que um dia foi constante, 
Desapareceu, tornou-se distante. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense