quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Não eram hereges, eram apenas pessoas


Quantas fogueiras acesas para queimar os hereges 
A fumaça, 
O cheiro de carne queimada 
Os gemidos de dores 
O crepitar das chamas 
Em nome de Deus 
A violência. 
Quantas forcas erguidas ao longo do tempo 
O ritual 
As pessoas aglomeradas 
Nas praças públicas 
Para verem os pescoços estralando 
Em nome de Deus 
O enforcamento. 
Quantas cabeças decapitadas 
No brilho da lâmina do carrasco 
Ofuscada pelo sangue das vítimas 
No ar as cabeças voando 
Em nome de Deus 
A fúria dos chamados santos de Deus. 
Dogmas 
Liturgias 
Sacramentos 
Desobedecidos? 
Cabeças sentenciadas por discordar dos ensinamentos 
Grandes mentes silenciadas 
Em nome de ideais e ideologias. 
Não eram hereges 
Nunca foram hereges 
Eram pessoas humanas 
Que discordavam dos dogmas estabelecidos 
E pagaram com as próprias vidas! 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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