quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Não sei andar sozinho


Fiquei olhando o celular
Ele cortou o silêncio depois do amor
Instantes mágicos substituídos 
Pela agonia de imaginá-la em outros braços. 
Do outro lado da linha alguém a chamava. 
- Espere uns minutos – disse ela. 
Que forma de amor passageiro é esse? 
Que forma substancial de levar a vida? 
Quais as palavras saem de seus lábios após estar comigo? 
O coração tem razões que a própria razão desconhece, já dizia o sábio. 
Se não existe amor o que une dois corpos? 
O anseio de carinho, afeição ou pura obstinação de se entregar? 
O amor é um sentimento tão cruel. 
Ele tira a nossa paz. 
Não sabemos andar sem ele e tropeçamos nele. 
Amar-te é meu destino e, essa vida, 
Levarei até os últimos dias de minha existência. 
Seus olhos meigos revelam uma ansiedade de viver grandes paixões 
Sem perceber que nas grandes paixões 
Estão as grandes desilusões da vida. 
Uma noite de prazer pode ser repentinamente, 
Substituída por um dia de tristeza. 
A vida passa 
E fica o que fizemos de bom no pouco que foi nos dado para fazer. 
Seu sorriso, uma vez tão espontâneo, 
Revela um amarelo de infelicidade. 
Realmente, o anseio de viver grandes aventuras 
Trazem consigo a desconfiança de um futuro sombrio. 
Minha noite é longa. 
Pois nela não consigo dormir. 
Meus dias vão se acabando 
Como a primavera e o inverno não termina. 
Não sei andar sozinho. 
Meus sonhos se foram como um dia de verão. 
Procuro tatear com as mãos um alento para que isso passe. 
Os momentos são de angustias e sofrimento. 
Então pergunto ao Criador: 
- Tu esquadrinhas o coração? 
- Teus olhos tudo vê? 
- Onde estão os passos dela? 
Não obtenho resposta. 
Então, outra vez suplico: 
- Tu não és aquele que dás o sono? 
- Porque não consigo dormir? 
Triste vida a minha. 
Em cada amanhecer uma nova esperança. 
Voltarás um dia? 
Terei o seu corpo junto ao meu e também o seu coração? 
Responda-me, por favor! 
Sigo nessa tristeza até o dia em que voltar a sorrir comigo. 
Espero-te como o preso espera sua liberdade. 
Desejo-te como o cego deseja ver a luz do dia. 
Amo-te como a abelha ama o néctar. 
Você é a luz que ilumina minha vida 
E o calor que me aquece do frio. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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