Montou um querubim e voou
Sem direção certa
Apenas deixou-se ser guiado pelos pensamentos
Por isso não viu a terra ser abalada
E nem ouviu os gritos de desespero
Dos que tombavam pelo chão.
Se o coração deixou-se ser seduzido
Os seus passos foram desviados do caminho
Sentia as cordas apertarem suas mãos
E lembrou-se das viúvas
Dos órfãos que deixou morrerem sozinhos
Como se fossem todos destinados a isso.
Um dragão cruzou o seu caminho
As nuvens estremeceram
Não via mais o querubim
Sentia apenas que caia no espaço
E sabia que a morte era tão real
Quanto a vida medíocre que tivera.
Por que somos tratados como animais?
Por que caímos nas armadilhas do tempo?
Faze-me entender tudo isso, disse ele angustiado
Sem saber que tudo havia chegado ao fim.
Trocaram a noite pelo dia
E tentou até mesmo ver através do espelho
Se eu olhar a sepultura como a minha casa, pensou
Poderei estender os lençóis da eternidade
Na confortável sensação do não existir.
São apenas sentimentos sem sentidos?
Sonhos tão surreais que não existem?
Assombrado para sempre, então, estará
Se quiser viver outra vida
Além da que um dia pensou estar vivendo.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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