quarta-feira, 10 de novembro de 2021

Quarto vazio

Busco um caminho para a minha fuga 
E corro desesperadamente sem mesmo olhar para trás 
Sinto o vento frio cortar o meu rosto 
Que queima profundamente como uma floresta em chamas 
Onde procuro me esconder de uma dor 
Que persiste em atormentar-me. 
 
Tento fugir deste epicentro de tormento 
Como se fosse possível fugir da realidade 
Qual espada cravada em meu peito 
A saudade faz doer as lembranças do tempo 
O sorriso quase imperceptível 
E o olhar de um misto cheio de enigmas 
De alguém que parecia ter o mundo aos seus pés. 
 
Sinto-me enclausurado numa espiral de eventos 
Que não faz sentidos acontecerem dessa forma tão explícita 
Sem dar-me a oportunidade de rasgar o coração 
Para escancarar toda a revolta contida em mim 
Por não dar razão aos meus sentimentos de outrora 
E esquecer os dias tão amargos que vivi. 
 
Afundo-me neste tornado de extremos 
No paradoxo que desejo estampar no meu rosto incrédulo 
Se por um lado tenho a esperança de ver esses olhos 
Por outro, almejo que nunca tenha tal visão outra vez 
Para não dar vazão ao sentimento 
Que já foi de todo sepultado para sempre. 
 
Um simples bater de asas num recanto do universo 
Causa a catástrofe em que vivo 
O dilema de uma vida prisioneira de desejos 
E sentimentos tão atrozes que fazem o peito delirar 
Mesmo quando tento fechar os olhos para dormir 
As lembranças dançam nas nuvens 
Fazendo-me sonhar com o eterno retorno 
De um anjo que tem suas asas quebradas no silêncio 
Da solidão escondida na penumbra do quarto vazio. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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