Busco um caminho para a minha fuga
E corro desesperadamente sem mesmo olhar para trás
Sinto o vento frio cortar o meu rosto
Que queima profundamente como uma floresta em chamas
Onde procuro me esconder de uma dor
Que persiste em atormentar-me.
Tento fugir deste epicentro de tormento
Como se fosse possível fugir da realidade
Qual espada cravada em meu peito
A saudade faz doer as lembranças do tempo
O sorriso quase imperceptível
E o olhar de um misto cheio de enigmas
De alguém que parecia ter o mundo aos seus pés.
Sinto-me enclausurado numa espiral de eventos
Que não faz sentidos acontecerem dessa forma tão explícita
Sem dar-me a oportunidade de rasgar o coração
Para escancarar toda a revolta contida em mim
Por não dar razão aos meus sentimentos de outrora
E esquecer os dias tão amargos que vivi.
Afundo-me neste tornado de extremos
No paradoxo que desejo estampar no meu rosto incrédulo
Se por um lado tenho a esperança de ver esses olhos
Por outro, almejo que nunca tenha tal visão outra vez
Para não dar vazão ao sentimento
Que já foi de todo sepultado para sempre.
Um simples bater de asas num recanto do universo
Causa a catástrofe em que vivo
O dilema de uma vida prisioneira de desejos
E sentimentos tão atrozes que fazem o peito delirar
Mesmo quando tento fechar os olhos para dormir
As lembranças dançam nas nuvens
Fazendo-me sonhar com o eterno retorno
De um anjo que tem suas asas quebradas no silêncio
Da solidão escondida na penumbra do quarto vazio.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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