terça-feira, 19 de julho de 2022

A metamorfose do futuro

No topo de uma antena parabólica os pássaros não pousam 
Enquanto palavras manuscritas caem como penas 
Nas cabeças ocas perfuradas por melancolias 
Numa clínica maluca estão os destroços de alguns corações 
E os corpos grandes e gordos começam a cair. 
 
A próxima garota e sua próxima dose de entorpecente 
Ao som estridente de uma louca gritaria 
Se diverte junto a um apanhado de caras comuns 
Que fazem promessas nos submundos da cidade 
Onde estão os ratos e outros milhares de parasitas. 
 
As fábricas não param por nada em nem um momento 
Porque tudo é fabricado e tudo segue o trajeto linear 
O horário comercial se estende até além do planejado 
Porque a violência precisa ser dublada e programada 
Para o horário nobre em todos os lugares possíveis. 
 
Está compreendendo o que estou tentando dizer? 
Eu morri e eu renasci e abri os meus olhos 
E percebi o caminhar da humanidade como bovinos 
Que não consegue ver as desgraças que os cercam 
Porque é nisso que se resume a coisa: ignorância! 
 
Você está aqui mesmo quando pensa que não está 
Consumindo mais um produto desnecessário 
Apenas para satisfazer o seu egoísmo interno 
Dizendo que está planejando o futuro 
Sem saber que não consegue distinguir nada mais. 
 
O que pensou que seria esse futuro tão sonhado? 
Um paraíso coberto de flores pelos campos? 
Tudo bem que tenha pensado assim e não imaginado 
A metamorfose de um futuro sombrio 
Onde somos costas curvadas e colunas envergadas. 
 
O seu rosto não me é estranho 
Mesmo assim acho impossível me dizer coisas novas 
Se meus olhos já contemplam esse cenário distópico 
Que quase ninguém quer perceber porque preferem 
Continuar sua caminhada de olhos bem fechados. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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