sexta-feira, 15 de julho de 2022

Onde estão todas as crianças perdidas?

Algumas vezes fomos esquecidos pelo caminho 
Abandonados à própria sorte 
Jogados aos lobos famintos 
Para serem devorados no rigoroso inverno 
E as almas levadas ao inferno. 
 
Velhos conhecidos foram mortos pela manhã 
Quando a maioria ainda estavam dormindo 
Depois de uma noite de bebedeiras 
Rostos destroçados pela miséria 
E corpos abandonados nas sarjetas da cidade. 
 
Choramos lágrimas de festim e transbordamos fantasias 
Quando não conseguimos proteger os inocentes 
Que são devorados pela violência 
Abusados nos porões e quartos escuros 
De monstros que destroem toda inocência 
De anjos sofredores. 
 
Tentamos não acreditar 
Nas mentiras glamourosas que nos contam 
Mas toda a existência sufocante 
Perde seu sentido 
Quando descobrimos o esconderijo da infância. 
 
Por que um homem triste deve se importar 
Com a mácula de mentes juvenis? 
Por que não damos ouvidos aos lamentos 
Quando vemos as marcas em seus rostos 
Desfigurados pela dor e pelo medo? 
 
Toda esquina do século vinte e um 
Guardam o seu melancólico recado: 
Onde estão todas as crianças perdidas? 
Até quando ficaremos de braços cruzados 
Vendo o caos sendo estabelecido na sociedade? 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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