quinta-feira, 6 de abril de 2023

A fúria dos deuses

Sangue espargido pelas pedras 
Espalhadas pelas campinas 
Totem erguido até as nuvens 
Símbolos desconhecidos pelos olhos 
Bezerro feito de ouro e joias 
Retirados do nariz e orelhas 
De pessoas que se curvam cegamente. 

O totem que simboliza a paz 
Coberto de sangue dos vencidos 
Enquanto Ares se cobre com a pele dos homens 
Que perderam suas vidas nas batalhas 
E nos palácios ouvem-se 
Risadas estridentes de reis que celebram, 
Regados de vinhos, 
As vitórias que não travaram 
E, nas areias escaldantes do deserto, 
Corpos de soldados apodrecem 
Servindo de banquete para os abutres. 

Os deuses se divertem 
Na sua ambição desejam o louvor 
E não tem coragem de sair de seus esconderijos 
Por isso brincam com as guerras humanas 
E com o sangue esparramados pelo chão. 

Onde estão os que pensam sobre isso? 
Os intelectuais que podem combater 
A fúria dos deuses 
E os mandar de volta para o limbo existencial 
Apenas afirmando que não passam de miragem 
Porque nenhum deles seriam alguma coisa 
Sem a devoção infundada dos seres humanos. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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