quarta-feira, 12 de abril de 2023

Poderia ser uma canção de amor

Embebido em suas lembranças 
Ergue a taça da desilusão para o alto 
Não tem mais a alegria de outrora 
E poderia se esconder de algum vulto 
Que ninguém notaria sua ausência. 
 
O tempo passa muito lentamente 
Para os que sonham nas madrugadas 
Quando todo mundo está dormindo 
Até os fantasmas cochilam em seus refúgios 
Porque a vida parece não fazer sentido. 
 
Poderia segurar o vento no sul 
Empurrar as nuvens com as próprias mãos 
Silenciar o canto dos pássaros 
Que nada mudaria no coração desesperado 
Que não consegue pensar em outra coisa. 
 
Uma faca rasga a cortina da incerteza 
Sangue imaginário verte das veias feridas 
Misturam-se as areias da praia deserta 
Onde nem mesmo as crianças podem brincar 
Porque os castelos foram todos destruídos. 
 
 Poderia ser uma canção de amor 
Versos que expressassem o verdadeiro sentimento 
Mas é apenas um lamento sentido do vazio 
Porque os olhos não mais se abrem 
Nesse corpo agora sem vida alguma. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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