sábado, 8 de abril de 2023

Em meio a escuridão

Finda-se um dia de tristezas mil 
E, em algum lugar, alguém não se aguenta 
A felicidade que permeia 
E sorri de alguma desgraça alheia 
Menospreza o sentimento como se nada importasse 
Nem mesmo o desespero humano 
De tempos imemoriais que não importam mais. 

Eu sinto calafrios em mim 
Todas as vezes que vejo alguém tão sério 
Um rosto amigo não se faz pela manhã 
E nem tudo que parece ser empatia 
De fato pode ser apenas uma armadilha 
Preparada para os ignorantes contumaz 
Que não se preocupam nem um pouco com a vida. 

O mundo é um trem desgovernado 
Passando a todo vapor na estação 
Com pessoas gritando aos quatro ventos 
As suas inconstantes peripécias 
De aventuras não realizadas por falta de objetivos 
Quando preferem se esparramarem diante da TV 
Com suas barrigas enormes. 

Fecho as janelas para tentar dormir 
E ouço os gritos horríveis que rompem o silêncio 
Querem uma solução para seus problemas 
E se esquecem de quem eles mesmos os causaram 
São apenas frutos de uma colheita 
Das sementes que espalharam ao longo da vida 
E não há nada que alguém possa fazer para ajudar. 

Existem até alguns que ignoram esses fatos 
Preferem ficar com seus fones nas orelhas 
É melhor ouvir uma música qualquer do que os gritos 
Melhor correr pelas calçadas do que ver a miséria 
Melhor conformar-se com o caos do que levantar as mãos 
E deixar que a vida se encarregue de suas mazelas. 

Cale a boca! Grita alguém na rua escura 
Vá dormir que você ganha mais! 
E quem consegue dormir com todo esse barulho? 
Com esses gritos tão perturbadores que incomodam 
Que invadem os tímpanos e os corroem 
Causando náuseas profundas nas mentes opacas 
Que provocam convulsões terríveis. 

Fecho os olhos em meio a escuridão 
Não há nenhuma luz no fim do túnel 
Na verdade, nem túneis existem mais por aqui 
Foram utilizados pelos moradores de ruas abandonados 
E estão cheios de ratos por todos os lados 
Que se misturam com os cães sem donos 
E tudo isso bem ao nosso lado. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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