sábado, 29 de abril de 2023

Ainda nem falei dos monstros

Fiz-me de surdo porque não quis ouvir 
Não me importava a canção dos tolos 
Falácias do tempo presente 
Presente nas rodas de conversas 
E mensagens compartilhadas sem análise. 

Sou a mosca que perturba 
O sapato que não serve no pé 
O grito dos desesperados que ninguém ouve 
Mas não posso desistir da vida 
De expor as feridas abertas na sociedade. 

Alguns já pegaram em pedras 
Estão com vontade apedrejar-me 
E o farão na primeira oportunidade 
O que não sabem é que não podem apagar 
A mensagem que martela em suas mentes. 

Ainda nem falei dos monstros 
Escondidos nos quartos desertos 
Ameaçando os cérebros infantis 
Porque dos adultos já foram corrompidos 
E não se acha uma viva alma inocente. 

Também não esclareci a mensagem 
Aquela que fala do pecado original 
Que revela os mais sórdidos pensamentos 
De quem lutou uma vida toda para afastá-los 
E nunca conseguiu dormir tranquilo. 

No fundo tudo parece mesmo 
Uma viagem sem fim ao desconhecido 
Uma jornada para o infinito 
Onde ninguém sabe o que acontece 
Apesar de acreditarem que tiveram a revelação. 

Fiz-me de surdo e não adiantou 
Terminei por ouvir as reclamações 
Os lamentos de tolos indecisos 
Que enganaram milhares de inocentes 
E os deixaram espalhados pelo caminho. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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