segunda-feira, 24 de abril de 2023

O macaco de pedra

Tão estranho como o silêncio constrangedor 
Que afoga as mágoas de solitários 
Presos em suas próprias armadilhas 
Era a imagem da solidão agora transformada em estátua 
Depois de conduzir os peregrinos 
Na direção contrária do sol. 

Eu me calei diante da situação irreal 
Porque não sabia exatamente o que fazer 
O macaco de pedra poderia exaltar-se 
E arrancar o coração dos desafortunados 
Como se fossem alimentos para saciar a fome 
Dos que vivem jogados pelas ruas desertas. 

De nada adiantava os gritos na madrugada 
Ninguém se importa com a dor do outro 
Cada um segue o seu caminho em silêncio 
Que é para não incomodar os que cochilam 
Nem mesmo perturbar os que estão vidrados na tela 
Como se o mundo não importasse mais. 

Olha só o que pode acontecer caso não ouça 
Uma mistura de cogumelos alucinógenos 
É bem capaz de revelar segredos ocultos 
E desmascarar os falsos profetas que estão por ai 
Até mesmo os videntes com suas borras de café 
Terão um dia de desespero para amenizar. 

Abra os olhos e contemple a estátua no saguão 
Quem pode negar que seja do macaco de pedra 
O mesmo que desejava ter uma visibilidade exagerada 
Que afirmou ser o enviado dos deuses 
Para resolver os sérios problemas da humanidade 
E não fez nada além de enriquecer-se a custa dos outros. 

Eu não vou falar mais nada 
Estou cansado de expor a verdade que ninguém dá ouvidos 
Melhor seria que me escondesse nas montanhas 
Que fosse lançar iscas para os peixes no rio 
Tudo agora é mais confuso do que foi outrora 
Então é melhor deixar que aconteça o que tem que acontecer. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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