quinta-feira, 4 de janeiro de 2024

Apenas palavras

São apenas palavras 
Pensamentos que não consigo prender na mente 
Que precisam voar pelo mundo 
Encontrar outras mentes abertas por aí 
E fazer morada junto a eles em algum ninho. 
Palavras que podem desmontar teorias 
Ou criar outras teorias muito piores 
Palavras que podem contar a história de um amor que não deu certo 
Que na verdade, é a maioria das histórias 
Ou será que em algum lugar existe alguém feliz? 
Creta pode ser apenas uma ilha no Mediterrâneo 
O berço da civilização egeia 
Assim como numa clínica maligna pode nascer um monstro 
Ou no topo de um edifício pode ter corações destroçados 
Alguém querendo pular do último andar 
E não tem a coragem suficiente 
Por que homens tristes se importam com as máculas das mentes juvenis? 
Pare para pensar nas adversidades da vida 
Você perde tempo ou ganha tempo com tudo isso? 
Quem são esses perdidos no meio da rua 
Que perambulam de um lado para o outro como ovelhas sem pastor? 
E alguém ainda pede para que fique calado 
Como se minhas palavras não valessem nada 
E eu rasgo minha garganta como flechas incendiárias 
Quero que abram os seus olhos e vejam a miséria ao lado 
Os acentos perfurados do ônibus que pegou essa manhã 
Onde a pessoa do lado assoa o nariz 
E você sabe que milhares de germes podem ter se apropriado de seu corpo 
Como os demônios fazem com a alma 
E ainda insistem em pedir para que eu não fale 
Estão com medo de dizer algo que os ofendam 
E eu quero mais é que se lasquem todos esses imbecis 
Esses crápulas de sótão úmidos e escuros 
Quando alguém grita para os que estão no alto do prédio: 
- Pulem! Pulem! 
Ah! Esses miseráveis hipócritas insistem nessa dicotomia 
Enquanto as palavras manuscritas caem como penas em suas cabeças ocas 
Um riacho acaba de ter suas águas sugadas pelo calor 
Porque existem diferentes formas de se interpretar um acontecimento 
E muitos preferem permanecer impassíveis diante do sofrimento. 
As palavras continuam a brotar de minha mente insana 
Enquanto procuro um refrigério para a alma 
Se você não entendeu nada a culpa não é minha 
Porque sou responsável pelo que falo 
 Não pelo que você não entende. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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