Onde parece que estamos assistindo um espetáculo grandioso
Onde o silêncio é a melhor expressão de nossa admiração
Quando você anda pela rua
Depara-se com uma infinidade de pessoas
Uns com o rosto sorridente
Outros denotam preocupações inquietantes
Em um futuro que já é passado
É possível que teremos nossas avós devorando cérebros em praças públicas
Nem todos os dias você se levanta com o espírito alegre
E a maioria nem mesmo sabe o que faz com o seu tempo
Em algum lugar alguém espera a próxima garota
Outros a próxima dose
Quando o sol parece deixar a existência terrena de forma sutil
Como se fosse a última esperança de quem não quer partir
Pode até ser que toda pessoa humana tem os mesmos direitos
Mas vai dizer isso aos milionários em seus suntuosos apartamentos
A liberdade consiste em ser escravo da verdade
E nós assistimos por assistir
Porque quase ninguém quer saber além do que todo mundo sabe
E a mentira é melhor do que a verdade
A ilusão melhor do que a realidade
Até tento parar com a minha divagação
Mas um vendaval de ideias subversivas ataca meus alicerces
Enquanto uma tempestade social, uma guerra e uma revolução
Não consegue realizar os desejos de corações perdidos
Onde pode haver um refúgio para as almas perdidas?
Dionísio, em cuja honra realizavam-se festas tumultuosas na época da colheita
Agora deseja apenas regar os loucos com seu vinho
E do outro lado, Hera, deusa protetora do matrimônio, está de mãos atadas
Veja quanta imprudência há neste vale
Sempre que puder, fuja desses deuses e de suas investidas
Porque a violência será dublada e programada em horário nobre.
Os deuses, quando esquecidos, ficam irritados
Quando lembrados, ficam satisfeitos.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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