segunda-feira, 8 de janeiro de 2024

Zé Ninguém

Onde tropeçou e caiu nem se lembra mais 
Os olhos estavam fechados 
A mente divagava solta pelo espaço 
Um Zé Ninguém a solta por ai 
E o mundo até parece mais seguro assim. 

Conta as horas e esquece os minutos 
Não lê o devocional pela manhã 
E, na verdade, nunca cala a boca 
Quando nem mesmo seus amigos querem ouvir 
Suas baboseiras cansativas. 

Tudo é cinza e descascado por aqui 
Enquanto alguns tentam se esconder 
Ele permanece imóvel como uma estátua 
Nem mesmo faz força para ofuscar 
Sua eterna cisma pela humanidade. 

Tira um cochilo e acende um cigarro 
A fumaça incomoda muita gente 
Mas ninguém tem coragem de confrontá-lo 
E segue sua rotina sem se importar 
Que o mundo esteja nesse estado caótico. 

Deita na cama e espera um novo dia 
Não sabe se vai conseguir abrir os olhos 
Mas se abrir vai continuar sendo obtuso 
Que se dane as pessoas a sua volta 
Zé Ninguém continua sendo ele mesmo. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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