sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Aleijados pelo tempo

Os amaldiçoados irão brilhar 
Muito mais do que as estrelas da manhã 
E aqueles que ainda tem 
Os olhos fechados para o mundo 
Serão arrancados de seus casulos 
Sem dó nem piedade alguma. 

Os herdeiros dos tormentos do rock'n roll 
Serão expurgados de seus casebres 
Como pragas que devoram as lavouras 
E nunca mais terão tempo de sobra 
Para fazerem suas canções perturbadoras 
Que martelam cérebros incapazes. 

Os descampados de tanto sofrimento 
Aleijados pelo tempo de espera 
Serão feitos reféns em salas fechadas 
Para que possam pensar sobre suas vidas 
E lembrarem onde exatamente erraram 
Para que pudessem sofrer amarguras. 

Os aventureiros das noites escuras 
Que espreitam suas vítimas adormecidas 
Terão seus olhos vazados com agulhas 
E seus cérebros arrancados com as mãos 
Porque não podem mais coexistir 
Com os santos que perambulam na cidade. 

Os artistas que tentam sobreviver 
Que labutam na solidão pela sua arte 
Hão de ultrapassar as barreiras invisíveis 
Da ignorância humana e ir além 
Porque não se pode apagar da memória 
As coisas eternas da verdadeira arte. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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