domingo, 26 de janeiro de 2025

Viajantes e peregrinos

Uma lívida paranoia flutua no ar esses dias 
Figuras desconhecidas perambulam pela cidade 
Um gosto amargo desce pela garganta 
E não temos noção alguma 
Do que pode acontecer 
Todas as coisas parecem estar fora de lugar. 

Quem são os detetives e quem são os ratos? 
Os que vivem escondidos nas sombras 
Perscrutando pelos becos cheios de lixo 
Parecem buscar alguma coisa 
Algo que se perdeu no tempo 
E ninguém consegue enxergar a verdade. 

Nós podemos ser um caminho em movimento 
Uma estrada onde caminha os peregrinos 
Que destoam radicalmente de sua fé 
Pois a fé está dentro da extinção das crenças 
Porque nesse ambiente lúgubre 
O Deus morre se não souber dançar. 

Será que os animais são sozinhos 
Ou apenas os ouvintes de algum tolo que grita? 
Perguntas quase sempre não trazem respostas 
E caminhamos quase sempre na escuridão 
Como viajantes perdidos 
Em territórios inóspitos e cheio de terrores. 

As palavras morrem por elas mesmas 
Sempre que alguém fala uma besteira 
E existe uma violência de se estar perdido 
Correndo o risco iminente do exílio 
Apenas as longas conversas em monólogos 
Não serão suficientes para mudar esse cenário. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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