sábado, 8 de março de 2025

Distúrbio social

Mãos que apertam, bolsos cheios, 
Promessas vãs, discursos feios. 
O povo sofre, sonha em vão, 
Enquanto eles engordam com a corrupção. 
Vendem futuro por migalhas, 
Erguem muralhas, negam suas falhas. 
Será que um dia a voz se alça, 
E a justiça rompe com toda essa farsa? 
 
Na calada da noite, um grito ecoou, 
Mais um corpo no chão, ninguém escutou. 
O medo caminha de mãos dadas com o dia, 
Na selva de pedra, só há agonia. 
Justiça é palavra esquecida no tempo, 
Silêncio comprado com sangue e tormento. 
A vida tem preço, mas não tem valor, 
E a paz se perdeu no rastro da dor. 
 
No bolso do pobre, a mão do Estado, 
Leva o suor, o pão tão castigado. 
Prometem muito, entregam pouco, 
E o povo já não aguenta, quase louco. 
Os tributos sobem, mas nada melhora, 
A conta aperta, o tempo estoura. 
Enquanto uns nadam no mar de ouro, 
Outros se afogam sem nenhum socorro. 
 
Correm passos, gritam vozes lá fora, 
Tudo é pressa, tudo é o agora. 
O tempo some entre os dedos, 
E a vida é sintoma de medos. 
O que parece ser grande se faz raso, 
O que é belo se desmancha no acaso. 
No império do imediato, do urgente, 
Ninguém tem tempo, ninguém sente. 
 
Nos rios quase mortos, peixes ausentes, 
No ar denso, sopros e vapores ardentes. 
A terra grita, mas quem a ouve? 
O homem está cego, que já não se comove. 
Plásticos ao vento, despejados no mar, 
O lucro cresce, a vida a minguar. 
E quando o verde for só memória, 
Quem há de contar nossa história? 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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