quinta-feira, 6 de março de 2025

Amanhã ainda esqueço

O amor cisma no rosto 
Que amanhã ainda esqueço, 
Como sombra de um rio 
Que o sol não quer mais ver. 
Um traço bem leve, 
Um sorriso que o tempo esqueceu, 
Mas que no instante eterno 
Parece florescer. 
 
É no toque fugaz 
Que o desejo se disfarça, 
Na curva suave do olhar 
Que o amanhã se desfaz. 
A memória é vaga, 
Mas o coração insiste, 
Naquilo que não é, 
Mas que ainda, no peito, se faz. 
 
O rosto que se perde 
Na brisa da despedida, 
É um eco distante 
Que grita em silêncio profundo. 
Um amor que cisma, 
Que insiste e se contorce, 
Mas que se dissolve no tempo, 
Sem endereço no mundo. 
 
E ainda que o amanhã 
Apague essa imagem, 
Fica o vestígio no peito, 
Um resquício de ilusão. 
O amor, sempre cismático, 
Não tem mais miragem, 
E o rosto, por fim, 
Desaparece na solidão. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:

Postar um comentário