terça-feira, 25 de março de 2025

Entre os cacos

Num mundo que corre, sem pausa, sem freio, 
Onde a pressa devora até mesmo o anseio, 
Ousar perguntar é quase um perigo, 
Um ato rebelde, um salto ao abismo. 
 
O ruído se ergue em muralha espessa, 
Atropela verdades, dilui a promessa. 
Mas quando o eco se faz insuportável, 
O silêncio se ergue, firme, incontestável. 
 
E quando as certezas caem por terra, 
Feito vidro partido no chão da espera, 
O pensamento, descalço, caminha entre os cacos, 
Tateando o novo em meio aos destroços. 
 
Pois só quem se perde entre mil incertezas 
Descobre que a dúvida é sua fortaleza. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:

Postar um comentário