sábado, 15 de março de 2025

Eleitor brasileiro

Colhe-se fácil o voto do ignorante, 
Semeando o medo em solo infértil, 
As mentiras são destiladas 
Onde a verdade é planta disforme 
E as inverdades florescem 
Como plantas daninhas nas mentes 
De pessoas que não pensam em seus atos. 
 
A verdade, em mãos erradas, 
Torna-se argila 
Moldada ao gosto de quem a toca, 
Deformada ao ponto de parecer outra coisa. 
Mas mesmo a mentira bem esculpida 
Carrega rachaduras: 
A essência do que foi omitido 
Sempre encontra um jeito de vazar. 
 
Nos grandes templos religiosos
E nas pequenas comunidades,
A influência eclesiástica 
Manipulam seus fiéis 
Que seguem de olhos fechados 
Como ovelhas ao matadouro 
E depositam seus votos 
No candidato apresentado pela liderança. 
 
Promessas grandiosas 
Erguem-se como pirâmides no horizonte, 
Mas muitas não passam 
De sombras sobre a areia. 
O tempo, implacável, 
Dissolve os discursos eleitoreiros 
E deixa apenas ruínas do que nunca foi. 
 
Prometem acordos e privilégios, 
Mas esquecem-se que 
Acordos são fios invisíveis 
Tecendo destinos, 
Mas nem todos seguram a linha do mesmo lado. 
Privilégios, muitas vezes, 
São nós apertados por uns 
E laços frouxos para outros. 
 
Até quando seguiremos essa realidade? 
Até quando votaremos dessa forma? 
O pior analfabeto - já dizia o sábio pensador - 
É o analfabeto político 
Que não distingue as suas escolhas 
E não sabe que uma escolha mal feita 
Acarretará enormes prejuízos. 
 
O analfabeto político 
Não lê os ventos da história, 
Nem escreve seu próprio futuro. 
Vive à margem da realidade, 
Enquanto outros decidem por ele 
E, no silêncio de sua omissão, 
Assina contratos que nunca leu. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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