sábado, 16 de dezembro de 2023

O crepúsculo do encanto

No rastro da aurora, onde a esperança desperta, 
Caminhamos juntos, na dança incerta. 
Sonhos entrelaçados, como fios de cetim, 
Mas o destino, implacável, traçou um fim. 

No palco do amor, antes mesmo de começar, 
Céus promissores se desfizeram no ar. 
Como pássaros que voam, mas não podem pousar, 
Nossos sentimentos, feridos, não souberam voar. 

O coração, ingênuo, acreditou em sonho de quimera, 
Acreditou em promessas 
Que o vento levou na primavera. 
Ecos de um amor que nunca se fez presente, 
Desvaneceram-se como sombras na mente. 

Oh, como é difícil aceitar 
O crepúsculo do encanto, 
Ver o que era belo se perder no pranto. 
Palavras sussurradas, como folhas ao vento, 
Agora são memórias de um tempo desatento. 
 
Novos sentimentos, já tão desgastados, 
Foram maltratados, como versos desfolhados. 
Em um jardim que nunca floresceu, 
A esperança a murchar, 
Como pétalas que enlouqueceu. 

O fim antes do começo, um paradoxo doloroso, 
Como um poema que se perde no silêncio vicioso. 
Aceitar que tudo acabou, antes mesmo de começar, 
É um lamento que o coração insiste em ecoar. 

Oh, em meio às cinzas do que não foi, 
Há a promessa de um novo amanhecer que se ergue. 
Pois em cada despedida, uma porta se entreabre, 
E nas lágrimas do adeus, 
Há a semente de um recomeçar. 

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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