terça-feira, 5 de setembro de 2023

Convite ao vento

Num quarto escondido, onde o tempo emana calor, 
Onde o mundo exterior não esconde seu pudor, 
Decidi, numa noite de silêncio e calma, 
Trazer o vento comigo, como um sopro da alma. 
Era a primeira vez, um gesto audaz, 
Que o vento entrasse ali, pela paz. 
Sem portas abertas, sem janelas rasgadas, 
Só o desejo intenso, e a noite aclamada. 
 
“Vem, ó vento, com tua melodia suave, 
Sussurra segredos, com tua misteriosa chave. 
Embala meus sonhos, neste espaço reservado, 
Desenha nas cortinas teu padrão alado.” 
E assim, o vento entrou, sem hesitação, 
Com todo seu frescor e imaginação. 
Revolveu os papéis, derreteu o gelo, 
Narrando histórias, num tom tão singelo. 
 
Por ser a primeira vez, tudo parecia mágico, 
A brisa, o silêncio, o momento estático. 
Em meio ao turbilhão de sensações e sentimentos, 
O quarto se tornou templo dos ventos. 
Ao amanhecer, o quarto parecia renovado, 
Pelo vento que entrou, por ter sido convidado. 
E assim, numa noite de audácia e paixão, 
Descobriu-se o poder de trazer o vento à mão. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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