Olhares que se cruzam nesse intervalo
Sorrisos escondidos na penumbra
Onde o tempo, mais uma vez,
Resolveu não continuar sua eterna viagem
Olha-se para o relógio
Vê-se as folhas caindo das árvores
Uma criança corre com uma pipa na mão
E o vento leva-a de um lado para outro
E o tempo não passa de jeito nenhum
Olha mais uma vez o horizonte
Nenhuma silhueta parece surgir do infinito
Apenas o desejo, a ansiedade
Uma esperança fugaz de que a verá outra vez
Perdida no tempo das lembranças
De um sentimento que se foi outrora
De sorrisos que acalmava a alma
De carinhos que preenchia o vazio do coração
E tudo sempre foi tão bom
Que nem via o tempo passar na sua velocidade
Mas agora, agora o tempo não passa
Os minutos são eternidades insuportáveis
Difícil resistir a vontade louca de sair gritando
Pulando pelas planícies em busca de uma resposta
Você virá outra vez?
Olha mais uma vez para o horizonte
O crepúsculo ofusca a visão
Não pode esperar mais que o tempo volte
E ele, cruel como sempre, está estático
E, no seu semblante, parece sorrir.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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