domingo, 13 de abril de 2025

Nas ruas de terra batida

 Na cidade pequena, 
Onde o tempo parecia escorrer devagar 
Como melado no pão, 
A infância era uma festa sem convites 
Bastava abrir o portão. 
Brincávamos descalços, 
Pés sujos e corações limpos, 
Os risos ecoando entre muros baixos 
E janelas sempre abertas. 
 
Tinha bola de meia, 
Tinha pique esconde até a lua subir, 
E um céu tão estrelado 
Que dava vontade de dormir olhando pra cima. 
A rua era nossa
Chão de aventuras, palco de invenções, 
E cada esquina, 
Um universo com regras só nossas. 
 
A felicidade morava ali, sem fazer alarde: 
No cheiro do pão da padaria, 
No som da bicicleta que rangia, 
No quintal com goiabeiras, 
No abraço da avó com cheiro de café. 
 
Éramos reis e rainhas 
De castelos feitos de barro, 
Corajosos diante de monstros 
Que só existiam na imaginação. 
E, mesmo sem saber, éramos completos 
Porque tudo cabia ali: 
O mundo, os sonhos e o agora. 
 
Hoje, tudo parece menor ao voltar 
A rua, a casa, até a árvore. 
Menos o sentimento. 
Esse cresce com a saudade 
Do tempo que se brincava 
Nas ruas de terra batida. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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