quinta-feira, 17 de abril de 2025

Vestígios em ruínas

Recordar é folhear um livro antigo, 
Cuja capa foi polida pela pressa do presente. 
O passado — tão inteiro quando vivido — 
Hoje é só um eco, 
Trincado pelas mãos da mudança. 
 
Somos ruínas de nós mesmos, 
Reconstruídas com materiais modernos, 
Mas os alicerces… 
Esses rangem com saudade. 
 
A evolução é uma fera gentil e cruel: 
Nos empurra para frente, 
Mas arrasta pelas unhas aquilo que éramos. 
E quando olhamos para trás, 
Já não sabemos 
Se o que vemos é memória ou invenção. 
 
Ser é crescer, 
Mas crescer é esquecer. 
E esquecer, talvez, 
Seja o preço da beleza do agora. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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