quarta-feira, 16 de abril de 2025

Escultor de silêncios

O poeta é um escultor de silêncios. 
Cada palavra é um golpe de cinzel 
Na pedra bruta do pensamento. 
Ele não escreve — revela. 
Retira o excesso, a sobra, o ruído, 
Até que reste apenas o essencial: 
Um verso nu, em equilíbrio com o vazio ao redor. 
 
O escultor vê a forma escondida na rocha. 
O poeta, o sentido oculto no caos da linguagem. 
Ambos trabalham com as mãos sujas de matéria
Um de mármore, outro de metáforas. 
E o que criam é algo que já existia, 
Esperando ser libertado. 
 
Escrever poesia é talhar o vento. 
É dar peso ao que é leve, 
É moldar o instante antes que ele se desfaça. 
É lutar contra o excesso até que reste só o poema, 
Firme como estátua, 
Vivo como sopro. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

Nenhum comentário:

Postar um comentário