sexta-feira, 11 de abril de 2025

Deixar de te amar?

Mesmo que o tempo passe, 
Mesmo que o mundo gire mil vezes, 
A lembrança dos teus olhos 
Ainda me envolve — 
Doce, profunda, feroz. 
 
Fecho os olhos e lá estás: 
Não em corpo, mas em brilho, 
Não em palavras, mas em silêncio, 
Um silêncio que grita teu nome 
Nas madrugadas vazias do meu peito. 
 
Tentei esquecer-te mil vezes, 
Mas como se esquece um pôr do sol? 
Como se apaga da alma 
O que um dia foi luz? 
 
Teu olhar é porto e tempestade, 
É abrigo e vertigem, 
É a linha tênue entre sonho e saudade. 
E eu, que já quis seguir em frente, 
Me vejo parado — preso nesse instante 
Em que teus olhos cruzaram os meus. 
 
Deixar de te amar? 
Talvez um dia. 
Mas antes preciso aprender 
A viver sem tua luz 
E a aceitar a escuridão que resta. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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