quinta-feira, 24 de abril de 2025

A geração ansiosa

Nascemos com os dedos prontos pro toque, 
Mas esquecemos onde repousa o coração. 
Vivemos clicando promessas que não chegam, 
E desejamos paz com a tela ainda acesa. 
 
Dormimos com a mente em grito, 
Sonhamos com um descanso que nunca vem. 
Cada suspiro é cálculo, 
Cada passo, performance. 
Ser virou tarefa. 
Sentir, um erro de sistema. 
 
Queremos tudo, agora. 
Mas o agora sempre foge. 
Corremos atrás de um tempo que já passou, 
E o futuro nos olha com olhos de dívida. 
 
Somos filhos do excesso, 
Órfãos do presente. 
Carregamos o mundo no bolso 
Mas esquecemos o próprio nome. 
 
Na fila do café, 
No scroll infinito, 
Na espera do que não sabemos 
Ali moramos. 
Ali nos perdemos. 
 
Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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