Que parece caber dentro de mim.
E no escuro do meu peito,
O teu nome brilha como janela acesa
Em casa abandonada,
Uma luz que não devolve ninguém,
Mas insiste em ficar acesa.
As horas vazias são mares sem lua.
Eu navego nelas com as mãos frias
E o coração tateando sombras,
Procurando o teu rastro
Como quem busca água
Num deserto que já sabe o fim.
Penso em você como quem segura um objeto frágil:
Com cuidado, com medo, com vício.
E cada lembrança tua
É uma porta abrindo sozinha no corredor,
Lembrando-me que a casa é minha,
Mas o silêncio é teu.
Há noites em que o mundo inteiro dorme,
Menos a saudade.
Ela vigia, ela respira, ela caminha pelos cantos,
Sussurrando teu nome
Como se fosse um feitiço
Que me mantém acordado.
Se alguém me perguntar por que não durmo,
Digo que é o vento.
Mas é mentira.
É você soprando dentro de tudo que me falta.
A verdade é simples e cruel:
As noites são vazias,
Mas eu não.
Eu transbordo,
De você, do que não foi dito,
Do que ainda queima nas entrelinhas.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
