terça-feira, 9 de maio de 2023

Tédio

Sem esperar que algo de novo aconteça 
Caminha despretensiosamente 
Se olhar para o abismo vai ver 
Bem no profundo de sua alma 
Que ele chama pelo seu nome 
 Até Eco pode confirmar isso ao gritar 
Nas montanhas onde o vento é silencioso 
Onde o sol não toca a terra 
E as borboletas desviam das armadilhas 
Que as aves deixaram plantadas na escuridão. 

Existe uma dor profunda no coração 
Uma angústia na alma que deseja ardentemente 
Fugir das armadilhas invisíveis da paixão 
Que aprisionam as mentes mais indefesas 
Que arrancam os pensamentos com suas armas 
E deixam o sangue escorrer pelos poros 
Na escuridão é que se vê a ilusão 
Quando os olhos começam a se acostumar 
Gritam para que não acendam as luzes. 

No lugar mais profundo da alma 
O silêncio nunca será uma boa companhia 
O tédio gosta mesmo de morar com os solitários 
Porque pode estender suas garras afiadas 
Mesmo que ninguém queira vê-lo por ai 
Não adianta tentar esconder dos seus olhos 
É apenas uma perca de tempo idiota 
Porque o tempo vai e volta com suas artimanhas 
E no outro dia o tédio voltou a fazer companhia. 

Abra os seus olhos e tente contemplar 
Na escuridão do deserto corre a serpente 
Na floresta o lobo está a espreita 
E você acaba sendo vítima dos larápios da cidade 
Dos contadores de histórias miraculosas 
Que enganam até a própria morte com suas ladainhas 
E por mais que você deseje outra vida 
Não haverá nenhum minuto de paz para onde vais 
Porque o infinito não pode segurar em suas mãos. 

 Poema: Odair José, Poeta Cacerense

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