A vida correu como um rio distraído,
E quando olhei de novo,
O menino que eu fui já não sabia meu nome.
Os anos se escondem nas dobras da pele,
Nos silêncios entre uma risada e outra,
E quando percebemos, já somos lembrança
De alguém que ainda está aprendendo a viver.
Achei que tinha tempo para tudo,
Mas o tempo me tinha,
E foi me gastando sem pressa,
Até que um dia percebi que o futuro
Já era passado.
Não ouvi os passos do tempo,
Ele entrou descalço,
Mexeu nos móveis,
E saiu levando minha infância pela janela.
Lá se foram os anos,
Como folhas levadas pelo vento:
Só notei o outono
Quando os galhos estavam nus.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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