domingo, 3 de agosto de 2025

Grimórios

 Quando teus olhos encontrarem os meus, 
Que a carne se agite como rio em tempestade. 
Que os ossos tremam, lembrando-se 
Do frio que antecede a criação. 
 
Que teu rosto se torne meu altar, 
E que o vento carregue meu nome 
Até o último recanto da tua memória. 
 
Que o teu corpo seja abismo, 
E que eu caia nele sem corda, 
Sem mapa, sem volta. 
 
Que a tua boca seja chave e veneno, 
Abrindo a porta por onde escoa minha alma. 
 
E que, no silêncio entre um toque e outro, 
Nasça a fome, 
A mesma fome que pertenceu a monstros e deuses, 
A mesma que queimou reinos e oceanos, 
Apenas para provar que podia. 
 
Assim seja. 
Assim foi. 
Assim será. 
 
 Poema: Odair José, Poeta Cacerense
 
Observação: 
Proibido de ser pronunciado em noites de lua nova, 
Pois acende em quem o recita 
Um desejo que não pode ser extinto. 
 

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