Mesmo quando as ruas estão abertas
E o horizonte parece livre.
Talvez as grades sejam invisíveis,
Tecidas com fios de medo, de lembranças
E de promessas que nunca tivemos coragem de quebrar.
Alguns pintam suas jaulas de cores vivas,
Outros as enchem de livros,
Há quem chame sua prisão de lar,
E há quem nem perceba que está preso.
E enquanto isso,
O vento lá fora dança livre,
Sem saber o que é uma chave.
Me pergunto se vivemos em um grande zoológico invisível,
Onde as grades não são de ferro, mas de medo e rotina.
Você na sua jaula dourada,
Eu na minha cela de silêncios,
E todos nós olhando uns para os outros
Através das barras transparentes do costume.
Talvez nossas prisões
Sejam feitas de escolhas que não ousamos mudar,
Ou de portas que só se abrem por dentro,
Mas que esquecemos como destrancar.
E assim seguimos,
Alimentados por migalhas de liberdade,
Enquanto o céu, lá fora,
Segue aberto e imenso,
Como se zombasse de nós.
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
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